Já só faltam cinco meses para as eleições autárquicas e ainda não sabemos quem irá disputar com Tibério Dinis (PS) a presidência da Câmara da Praia. Faz-se tarde e o tempo corre de forma bastante veloz. Começa a ficar apertado o espaço disponível para se discutirem as questões mais prementes do concelho e que, consciente ou inconscientemente, mais preocupam os praienses a começar pela questão demográfica (a tão falada falta de gente), passando pela capacidade de atrair investimento e a criação de emprego. A ordem em que apresentei os tópicos não é necessariamente uma hierarquia de importância, até porque se atropelam, dependem uns dos outros e exigem, da parte dos responsáveis políticos, um debate profundo, apaixonado nas causas e com menos emoção estritamente partidária. Mas, pelo andar lento desta carruagem, não vai haver tempo e a campanha eleitoral arrisca-se a ser um concurso para se saber quem é o mais popular, quem aparece em mais festas e touradas ou quem tem um melhor desempenho no facebook, no caso de o ter. Nesta semana em que se comemora Abril, Mário Soares e Sá Carneiro andarão às voltas no túmulo só de imaginar que na Praia o que determinará o resultado eleitoral serão os gostos das redes sociais em vez das ideias e dos projetos.Mas será estratégia ou taticismo político não apresentar, para já, um candidato? Ou, numa hipótese remota, será que não existe mesmo candidato? Não acredito.
Se a questão for estratégica, parece-me que já começa a ser estratégia a mais e Praia a menos ao ponto de, na praça pública, já circularem nomes que vão sendo “queimados” sucessivamente. Mas isto é um estilo muito característico e vincado do PSD que teima em não querer alterá-lo, fazendo desta prática o garante da sobrevivência política de dois ou três.
Considerando a segunda hipótese – a não existência de um candidato – a situação torna-se grave mas, ao mesmo tempo, estranha tendo em conta que o PSD tem um candidato natural. Um homem experiente, competente, conhecedor do concelho e dos seus problemas, e com capacidade de liderar um projeto agregador e supra-partidário no sentido em que os interesses da Praia estarão à frente dos interesses do partido.
Refiro-me, evidentemente, a José Fernando Gomes. Terá certamente o apoio de todas as estruturas partidárias, em todas as onze freguesias do concelho, junto do eleitorado rural e do eleitorado mais urbano. Acompanha a atividade política, económica e social do concelho, conhecendo-a com profundidade e tem ideias claras para solucionar os seus problemas. Não percebo, por isso, porque razão o seu nome ainda não foi anunciado como sendo o candidato da oposição. Vamos esperar.
No momento em que escrevo estas linhas, estou sentado à janela a olhar para Lisboa. O 25 de abril de 2017 nasceu cinzento. Por esta hora, há 43 anos atrás, Lisboa vivia momentos de incerteza. A Liberdade entrava de rompante pela capital com o medo e a esperança num país livre a caminharem lado a lado pelas principais ruas e praças da cidade. Por vezes tenho dúvidas se tivemos a capacidade de fazer cumprir os ideais da revolução de 1974. E hoje, quando escrevo sobre a dificuldade em encontrar candidatos para eleições, com mais dúvidas fico e sei que este meu texto será adjetivado de tudo, menos o de ser a aplicação prática dos ideais de abril onde o exercício da opinião, sedimentado na liberdade de expressão, eram pilares fundamentais para o sucesso do novo Portugal que aí nascia. Não tenham medo! Foi para isso que se fez Abril!