Nestas eleições optei por não integrar as listas que o meu partido apresenta ao ato eleitoral do próximo dia 1 de outubro. Não é novidade para ninguém que sou militante do PSD e que já ocupei cargos no partido e em seu nome. Porém, nada disto invalida que tenha uma opinião sobre o atual momento político do nosso concelho e que em muitas situações discorde em absoluto com as opções e decisões tomadas pelo meu partido. Por não ser candidato, não perco nenhum dos meus direitos e deveres de cidadão. Não sou menos cidadão por isso. Existem muitas outras formas de exercer cidadania e de servir a terra e a comunidade.
Não vejo a política como um jogo de futebol em que uns ganham e os outros perdem e que estes, por não terem alcançado a maioria dos votos expressos nas urnas, têm menos legitimidade que os primeiros. Antes pelo contrário. Sempre disse às equipas que liderei que a nossa missão era sermos os porta-vozes, a voz, daquela minoria que votou em nós e que, apesar de termos perdido as eleições, acreditou em nós, no nosso projeto, e na capacidade de os defender. Não podíamos virar as costas a toda essa gente. Para mim, política é isto. Para mim, fazer política também é isto. Independentemente do resultado eleitoral alcançado.
O ato eleitoral que se aproxima vai realizar-se numa conjuntura bastante diferente dos últimos dois. Roberto Monteiro não é candidato a nenhum órgão, apesar de, inicialmente, ter sido anunciado como candidato à Assembleia Municipal. Teria sido interessante assistir à desforra eleitoral de há doze anos quando o PSD perdeu para o PS a Câmara Municipal com Clélio Meneses (agora candidato à Assembleia Municipal) e Roberto Monteiro. O candidato do PS é Paulo Messias e, neste cenário, é expectável uma subida significativa da representação do PSD neste órgão autárquico.
Relativamente à Câmara, não haverão surpresas. O PS ganhará claramente a eleição e o PSD manterá os seus dois vereadores.
A nível das Juntas de Freguesia o cenário poderá não ser tão rosa, mesmo que o Partido Socialista mantenha a maioria das presidências, mas perca as Juntas de maior dimensão. Será certa a vitória socialista nos Biscoitos, nas Quatro Ribeiras, na Vila Nova, em São Brás, no Porto Martins e na Fonte do Bastardo. O PSD manterá confortavelmente as Lajes e disputará até aos últimos votos a Agualva e Santa Cruz com grande probabilidade de as conquistar. Ficam ainda a faltar o Cabo da Praia e as Fontinhas. As Juntas podem até nem mudar de mãos, mas os candidatos do PSD irão fazer muitas “cócegas” a quem se recandidata provocando-lhes algumas noites sem dormir.
Eu voto nas Lajes, o que me facilita bastante a vida. Verei reeleito César Toste e estou convicto que fará um segundo mandato ainda melhor do que o primeiro. Ganhou experiência e ficou a conhecer os meandros da administração política e pública. Agora já sabe a que portas ir diretamente bater e a que números de telefone ligar. Terá um presidente de câmara também lajense, assim como os dois vereadores do PSD. Neste cenário, nada poderá correr mal à Vila das Lajes nos próximos quatro anos.
Vivo nas Lajes, mas trabalho em Santa Cruz onde passo a maior parte do dia, não ficando, por isso, indiferente aos seus problemas. Tenho pena de também não poder votar aí, mas não é possível. Votaria no Berto Cabral. Santa Cruz precisa de sangue novo e deixar de ser mais um departamento da câmara. Só assim poderá ganhar vida própria e seguir um caminho que seja o seu.
Nestas eleições, não vale votar em branco!
A foto… bem, a foto é a justificação do título deste artigo…
Artigo publicado na edição de hoje do Diário Insular.