O Jardim da Estrela, em Lisboa, era aquele lugar onde, nos meus tempos de estudante na capital, tudo podia acontecer. Todos sabiam como e por onde entravam. Ninguém sabia como saía, nem se saía.
Passadas mais de duas décadas, o jardim em frente à basílica parece outro lugar. Para além do expectável para um espaço público verde (e não leva no nome nem verde, nem ambiental, nem nada que o faça parecer aquilo que não é), o Jardim da Estrela ganhou novos pontos de interesse, uma nova atratividade. Destaco, em primeiro lugar, um parque infantil de excelente qualidade e que não é só um espaço para crianças, é também um espaço onde os pais das crianças também podem estar e gostam de estar. Tem um café nas imediações, com esplanada. Tem espaços relvados onde as pessoas se deitam a ler, a dormitar, a namorar e até a fazer piqueniques com cesta e toalha estendida. É possível alugarem-se bicicletas, para os mais crescidos, e carrinhos a pedais, para os mais pequeninos. No primeiro fim-de-semana de cada mês realiza-se ali uma feira de artesanato de grande qualidade. “Crafts & Design”. Não sei como é feita a seleção, mas que não havia lá nada que se dispensasse, lá isso não havia. No Jardim da Estrela também se dança. No coreto dão-se aulas. Fora dele, de forma mais ou menos improvisada, também.
De um espaço decrépito e decadente, foi possível criar-se um espaço aprazível onde se pode estar, onde se quer estar e onde todas as gerações conseguem encontrar algo que as atraia.
Ao sabor da dança, ali, não é só um slogan, é conteúdo, é ação.