As livrarias são lugares fascinantes onde, só de olharmos para as capas e para os títulos impressos nas lombadas dos livros, já nos sentimos transportados para outros mundos por muito pouco virtuais que possam ser ou parecer. A minha cidade não tem uma livraria. Sobra-nos ir ao hipermercado ou esperar pelo outono para que tenhamos a possibilidade de os comprar. Em último recurso, recorremos às compras online. Os portes são caríssimos e a encomenda, apesar de nos ser entregue à porta, fica-nos a um preço que daria para comprar duas ou três obras. Contingências de quem vive num lugar remoto…
Estou a reler “Cem Anos de Solidão”. Não me recordo quando o li pela primeira vez, penso que quando estava a estudar em Lisboa. É curioso que, agora, desde a primeira frase, aquela em que o narrador nos diz que “Muitos anos depois, frente ao pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía recordaria aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”, desde essa primeiríssima frase, a narrativa, para mim, parece-me outra totalmente diferente. Talvez o leitor tenha mudado. Talvez eu esteja diferente…
A fotografia foi “emprestada” da rede…