
A mochila ficou na areia enquanto subi ao bar da praia para comer qualquer coisa. Tínhamos regressado de férias no dia anterior e ainda não nos havíamos estreado nos banhos da Prainha. Foi na manhã de sábado passado que o fizemos. Estava um belo dia de sol e não nos apetecia ficar em casa. Afinal de contas, era o último fim-de-semana do mês de junho e aquele que antecedia o regresso ao trabalho e ao colégio.
Antes de sair, os preparativos habituais, demorados e com muitos detalhes, para quem tem de se fazer à estrada com duas crianças irrequietas e sempre prontas a inventar o que não passaria pela cabeça de ninguém. Nada pode ficar atrás. Seria uma catástrofe. As toalhas, os fatos-de-banho, o protetor solar, as braçadeiras, os baldes, as pás e os moldes coloridos que permitem, com a areia molhada, fazerem-se obras escultóricas em forma de caranguejos, tartarugas, aviões ou comboios.
Depois de devidamente sentados nas suas cadeirinhas no banco de trás do carro e os cintos apropriadamente apertados, inicia-se a viagem. Rádio ligado e a discussão habitual se deve estar com o volume mais alto ou mais baixo ou, no limite, se deve ficar ligado ou não. Se o Jorge disser que quer ouvir música, a Amélia diz que é para desligar. Se o Jorge entender que a música não é a que quer ouvir, a irmã acha que está perfeito. Por vezes dá direito a gritaria, birra e choro. No último sábado, felizmente, não foi o caso, tal era a excitação para chegarmos à praia de banho.
A viagem não durou dez minutos. Não foi preciso atravessar a ponte, pagar portagem ou ficar horas a fio imobilizados no trânsito em filas intermináveis de perder de vista sob o odor de fumos de escape. Não foi preciso dar cinquenta voltas ao parque de estacionamento, nem ficar sentado à espera, dentro do carro, que alguém desamparasse a loja e nos desse a oportunidade de “aparcar” antes da hora de ir embora. Chegámos, estacionámos, saímos do veículo e retiramos toda a tralha da bagageira. Em segundos pisámos a areia, em poucos mais segundos já a toalha estava estendida no chão sem empeçar com nenhuma outra toalha ou sem que alguém ficasse incomodado.
Besuntaram-se os corpos com protetor solar e encheram-se as braçadeiras. No momento de cobrir a cabeça para a proteger do sol dá-se a grande catástrofe do dia, os chapéus ficaram em casa! E agora? Só não foi também o momento de maior stress e tensão, porque esse haveria de vir mais tarde, quando quase tivemos de arrastar os nossos filhos pela areia assim que lhes dissemos que estava na hora de ir para casa.
A água estava cristalina. Via-se o fundo na perfeição e a areia estava limpa. Um pouco fria, mas rapidamente nos ambientamos à temperatura. Que mais podemos querer?
A fome começou a apertar. Era tempo de almoçar, comer qualquer coisa. Dirigimo-nos ao bar e os nossos pertences permaneceram no lugar onde os havíamos deixado assim que chegámos ao areal. Os mais pequenos começaram a refeição pelo fim com um gelado. Os pais preferiram uma sandes e uma bebida fresca, com álcool. Ouvia-se falar alemão, português e inglês. Sem algazarras, sem gente a atropelar-se ou pressionada pelos donos do bar para que se despachassem a terminar porque haveria gente à espera.
Terminada a refeição, regressámos ao areal. A mochila estava onde a havíamos deixado, as toalhas estendidas no mesmo sítio e os brinquedos dos miúdos não mudaram de lugar.
Nas férias, a vida faz-se devagar e a Prainha da Praia da Vitória é o lugar perfeito para o fazer.
Vou partilhar com um grupo, divulgar o que é bom…
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