
Correm rumores de que, no PS, já se prepara a sucessão na presidência da autarquia. Isto já no próximo ano. Claro que, antes, há que assegurar os lugares nas regionais de outubro.
A verdade é que o descontentamento com a atual governação da câmara municipal da Praia vai alastrando e sedimentando. Não que as pessoas vejam alternativa noutro lado qualquer. Começam, inclusivamente, a não vislumbrar quaisquer soluções, o que é preocupante.
A situação do município é a que é. A relação entre a câmara e as juntas de freguesia nunca foi tão distante, justificada pela tentativa constante da vereação em se substituir às juntas e fazer delas um adversário ao invés de um aliado. A este propósito, ninguém compreende como é que a câmara está constantemente a fechar a torneira às freguesias preferindo desviar os recursos para trazer celebridades, acompanhadas de celebridades, ao bom estilo do vazio populista onde o que interessa é não pensar.
Não se pode dizer que tudo foi mau nesta primeira metade do mandato. Seria injusto e sectário, fazendo de conta que não se deu por nada. Algumas conquistas, uma animação do investimento imobiliário, a transformação da cidade em espaço digital e a liberalização seletiva. Contudo, a perceção geral não coincide com este cenário cor-de-rosa e dificilmente se alterará até às próximas eleições, isto se nada de substantivo acontecer no centro da cidade.
A este propósito, não será descabido fazer referência a um debate que surgiu nas redes sociais, no último fim de semana, depois da publicação de uma fotografia onde se via um carro estacionado na rua de Jesus. Inevitavelmente, a discussão divergiu para o tema, longe de ser consensual, da reabertura, ou não, da rua principal da cidade ao trânsito.
Em maio de 2018, a câmara promoveu em torno do tema um debate. Não eram muitas as pessoas presentes, mas, ainda assim, gerou-se uma relevante maioria de apoio a manter-se tudo como está. Terão sido duas ou três pessoas a manifestarem-se em sentido oposto. Contudo, a amostra era pequena e nada representativa da realidade do concelho. No entanto, apesar disso, a câmara municipal usou o momento como argumento essencial para nada fazer a este propósito, ficando-se sem saber qual a sua opinião sobre a matéria.
Lavou as mãos.
Não se comprometeu e, sempre que abordada sobre o tema, diz que foi a decisão saída do fórum, limitando-se a dar-lhe seguimento. É mais fácil assim. Tomar decisões em função de “likes”.
Alguma coisa terá de mudar na gestão municipal e o próprio partido socialista já se apercebeu disso. Se fosse o PSD, o CDS ou outro qualquer, não seria de admirar. É natural que desejem a mudança. Só que, no caso, é o partido que suporta a atual maioria que já faz contas e percebeu que, embora este presidente seja dos seus, a sua ação nem a eles lhes agrada.
Faltam dois anos para as próximas eleições autárquicas e, avaliando pelas experiências anteriores, é demasiado cedo para sabermos quem serão os candidatos à presidência da câmara municipal da Praia da Vitória. Normalmente, como seria no caso atual, já se saberia quem, do partido no poder, assumiria o lugar. Naturalmente veríamos o titular a recandidatar-se. Estranhamente, nem isso está garantido.